Crónicas de Lava
"Apresento-vos hoje a primeira de uma série de crónicas que espero poder partilhar convosco ao longo dos próximos tempos. “Crónicas de Lava” é o nome escolhido, quer para a dita série, quer para esta primeira narrativa.
“Crónicas…” porque desejo relatar mas também opinar; desejo referir mas também rir. “… de Lava” porque, tal como eu, estes relatos têm como berço uma região vulcânica, ela própria produto lávico. Refiro-me ao Arquipélago dos Açores, território atlântico, portuguesa região insular. De acrescentar que, à semelhança e inspiração da lava, vislumbro temas quentes, abrasivos, mas também construtores, neste caso, de ideias. Desejavelmente não de ideias minhas mas sim dos pensamentos que cada um de vós queira ter acerca do que eu expressar.
Antes de mais, e para que conste, apresento a minha declaração de interesses, por ordem alfabética: sou ambientalista (não radical, mas convicto); sou biscoitense (da freguesia dos Biscoitos, na Ilha Terceira, de origem e coração); sou enófilo (pelo gosto em apreciar, com a devida moderação, o néctar vínico); sou utópico (não exactamente lunático, mas suficientemente idealista). Partilho isto uma vez que, por muito que queiramos ser isentos, na escolha dos temas ou das palavras, na nossa entrega à crónica teremos sempre alguma influência interior, adveniente dos nossos gostos e sensibilidades.
Uma crónica sem destinatários não tem sentido. Daí que esta e as que se seguirão só serão verdadeiras crónicas quando cada uma delas chegar até vós. E é com respeito a esta certeza que começo por agradecer ao senhor Euclides Álvares, por duas razões fulcrais: foi ele que me desafiou a produzir algo para vos apresentar; é ele que me permite, através do magnífico programa “Voz dos Açores”, transmitido actualmente pela KIGS, rádio portuguesa de ampla cobertura na Califórnia, chegar a todos os seus ouvintes, reunidos e mantidos ao longo de mais de trinta anos de emissões radiofónicas, e ainda contribui decisivamente para que estas palavras surjam nalguns títulos da imprensa escrita. Para ele uma primeira palavra de agradecimento pela motivação que me transmitiu e pela confiança demonstrada ao abrir o seu microfone a estas palavras e uma segunda de parabéns por todo o excelente trabalho que produziu e produz ao serviço dos Açores e dos seus emigrantes. Também com sentido de agradecimento refiro os directores dos referidos órgãos de comunicação social escrita que aceitam esta colaboração. Ainda quero transmitir o meu reconhecimento ao compositor Antero Ávila, autor da peça musical “Arquipélago”, da qual usamos um trecho no genérico que acompanha a versão áudio destas “Crónicas de Lava”. Para vós, ouvintes ou leitores, reservo um abraço de fraternidade e cumprimento, esperando que este abraço seja o primeiro de muitos trocados entre nós.
A terminar, registo que fiz desta intervenção uma crónica sobre as minhas futuras crónicas, pelo que poderei não ter cumprido para já esta minha missão como narrador. Socorrendo-me da minha condição de noviço nestas andanças peço que façam o favor de me desculpar e apresento o compromisso de que me esforçarei por ir cumprindo esta função, gradualmente, ao longo das próximas oportunidades, apresentando, relatando e comentando factos da actualidade açoriana, curiosidades do passado e do presente, bem como visões diversas, tanto de personalidades distintas como de anónimos cidadãos. Recorrerei a notícias, observações, testemunhos e reflexões e em cada crónica conto apresentar uma página ou blogue açoriano presente na internet, e que, por um motivo ou por outro, julgo que merecem ser conhecidos e reconhecidos.
Apesar de eu não atribuir essa qualidade e interesse ao blogue “Biscoitos”, alojado em http://www.biscoitos-terceira.blogspot.com/, não posso deixar de o referir, oferecendo-o a todos vós, como quem convida a entrar para a sua sala de visitas. Gosto de pensar que este espaço, mais do que meu, é nosso.
Faz hoje três anos que publicamos:
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