segunda-feira, 24 de outubro de 2005

À distância...

Um curto período de estadia numa porção continental levou-me a sentir e reflectir sobre a minha relação de distância com os Biscoitos (estar na margem do oceano é imensamente diferente de viver no meio do mesmo).
Eu nasci na freguesia de Nossa Senhora da Conceição (Angra do Heroísmo) e vivi parte considerável da minha vida nos Biscoitos. Contudo, por várias razões inerentes a diferentes conjunturas pessoais, familiares e profissionais, já estive e estou à distância...
Residi na freguesia da Agualva e na Vila das Velas (São Jorge) e actualmente moro na Terra-Chã. Já passei algumas temporadas na parte continental do nosso país. Com alguma frequência desloco-me a outras paragens açorianas, continentais ou estrangeiras.
Contudo, se alguém me pergunta de onde sou, sempre respondo que sou dos Biscoitos (acrescentando ou não o local da residência actual). Na presença ou à distância... por lá trabalhando, passando ou estando quase todos os dias... de lá só sabendo o que me contam e o que leio ou também o que vejo e vivo... as situações vão sendo imensas e enriquecedoras.
O certo é que sinto os Biscoitos como algo de muito especial. Se quissesse comparar esta relação, diria que a mesma se assemelha, em muito, a uma relação familiar, de identidade.
É por isso, com toda a certeza, que existe este blog, como forma de partilhar esta alegria que é ser biscoitense e, na medida do possível, entusiasmar, cultivar e/ou reforçar em outros o mesmo sentimento.
Vivam os BISCOITOS!
._._._._._._
Permitam-me que faça um aparte a esta reflexão, para partilhar duas alegrias e uma constatação, nascidas da viagem que a provocou.
Na passada sexta-feira, após os afazeres académicos que me levaram à capital portuguesa, aproveitei para ir, pela primeira vez, a dois lugares de grande significado para a minha pessoa (naturalmente mais ou menos insignificantes para muitos, mas a cada um as suas manias). Estive na Assembleia da República (onde assisti à ultima parte do debate parlamentar em regime de reunião plenária) e na nova "Catedral" da Luz (observando a progressão de imensos futebolistas em potência, em treino das classes de formação para os mais novos).
Após a apresentação das alegrias, indico a constatação (apesar de apetecer referir-me à situação como "a tristeza"). Após o terminar do último debate do dia, naturalmente tomou a palavra o Presidente da Assembleia da República para informar exactamente do findar do mesmo debate, da data da próxima sessão plenária, dos trabalhos a executar entretanto pelas comissões e para desejar uma boa tarde a todos. E não é que a esmagadora maioria dos deputados presentes não respeitou o senhor presidente, levantando-se logo que este começou a falar, circulando por entre as bancadas e falando em voz alta ou saindo da sala? Como escrevia um director de jornal à alguns dias, "Começo a ter saudades... e isso é mau!", referindo-se a outros tempos e formas de governação. Eu não tenho saudades do antigo regime até porque não o vivenciei, mas acredito profundamente que, em muitos casos, passamos do "medo" à "descarada falta de educação". Que pena não sabermos encontrar a virtude.
Com isto, reforcei para mim mesmo a ideia de que muitos dos "ilustres deputados da nação" são triste e mau exemplo em termos de atitudes de respeito. E sendo esta a realidade nas cúpulas políticas da República, está justificada, ou pelo menos explicada, a degradante situação social portuguesa na esfera da cidadania e respeito pelos outros.

4 comentários:

Anónimo,  24/10/05 17:41  

Compreendo perfeitamente esta tua paixão por esta terra. Não sou biscoitense, mas trabalho por lá e cada dia descubro novas belezas de uma terra única, capaz de nos tranformar.
Se percorrendo todos os dias os seus caminhos, consigo cada dia achá-la mais bonita, qual não será a imagem de alguèm que a vê pela primeira vez. É sem dúvida nenhuma uma pérola dos nossos bonitos Açores.
Vezes sem conta, passo as 4 Ribeira com chuva, mas já sei que chegando aos biscoitos haverá certamente uma aberta no céu.
O contraste entre o verde da montanha e o azul do mar, separados por uma manta de retalhos, trilhada a partir das vinhas.
O significado de cada moradia, de cada monumento, de cada trincheira, trabalhadas pelas mesmas mãos que produzem aquele néctar dos Deuses.
Tudo isto e muito mais, fazem com que te compreenda tão bem amigo.

Anónimo,  24/10/05 20:31  

È perigoso despertar o Leão, a garra da Àguia é sanguinolenta e terrível,mas o que há de mais terrível e de mais espantoso debaixo do sol, é o homem no delírio da liberdade.
As grandes assembleias se reduzem a bem pequenas, e estas muitas vezes a um só homem...
A liberdade foi dada às mulheres e aos homens, para se lhes deixar o merecimento da virtude.

José Aurélio Almeida 31/12/05 02:48  

Obrigado Chato, pelo comentário e pela partilha da visão sobre os Biscoitos.

José Aurélio Almeida 31/12/05 02:49  

Anónimo: realmente por vezes a liberdade, na prática, surge tão somente como um delírio.

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