quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Vinho em crise?

Um dos jornais diários terceirenses têm abordado a temática do vinho nos Açores, com aprofundamento em relação à realidade da Terceira.

PRODUÇÃO A BAIXAR
Recorrendo a estimativas do Instituto da Vinha e do Vinho, o "Diário Insular" noticiou no passado dia 8 de Agosto que a produção de vinho na Terceira na campanha 2006-2007 deverá ser 30 por cento inferior à anterior. Adianta o mesmo jornal que "os dados para a redução da produção na Terceira apontam para as más condições climatéricas na época de Verão, com chuvas abundantes que condicionaram os tratamentos fitossanitários, intercaladas com humidade e calor que favoreceram o aparecimento de míldio e oídio (fungos que impedem a maturação da vinha). Os técnicos dizem ainda que, nas variedades mais precoces, e também devido às condições climatéricas, se verificou o aparecimento de alguns focos de botitris (bactéria que provoca o apodrecimento das uvas)."
Assim na Terceira,"a produção deverá ficar-se pelos 7.700 litros, menos 3.300 litros que na campanha anterior (2005-2006)." O "Diário Insular" esclarece ainda que "a quase totalidade dos produtores de vinho da Terceira está concentrada na zona dos Biscoitos, freguesia onde existe uma adega cooperativa."

O FUTURO
Mais recentemente (15/Agosto/2006) o mesmo diário aborda especificamente o problema do futuro dos vinhos açorianos, com alusão directa à casta verdelho.
Citando Teresa Lima, professora da Universidade dos Açores, é referenciado que “Não há jovens a entrar para o sector do trabalho na vinha e no vinho dos Açores” e, por isso, todo o trabalho secular pode vir a ser posto em causa”, sendo a falta de cursos profissionais localmente considerada pela mesma especialista como uma ”grave lacuna”.
BISCOITOS
A notícia continua relatando que "Teresa Lima acentuou que, neste momento, os vitivinicultores da freguesia dos Biscoitos “têm consciência de que a internacionalização dos produtos cresce e as exigências do consumidor são enormes”, pelo que estes pretendem apostar forte no fabrico de vinhos pelos processos artesanais, no entanto tecnologicamente evoluídos”. A especialista em enologia e história da vinha e do vinho, que falava no âmbito da VII Feira de Gastronomia, referiu a forma como o vinho nasce na ilha Terceira, sobretudo no que se refere à casta do Verdelho, sendo que as primeiras plantas surgem por cá no Inverno de 1853 e foram adquiridas em Paris pelo marquês da Praia e Monforte. No início serviam apenas para enfeitar latadas e fazendas ricas, já que faziam parte de mil exemplares de plantas exóticas, sendo que, nos primeiros 10 anos, “ninguém imaginou que as uvas produzidas com um gosto diferente pudessem ser consumidas e muito menos transformadas em vinho”. Com a chegada em 1870 da Phylloxera vastatrix, as vinhas do Verdelho foram destruídas de forma drástica e a área de Verdelho dos Biscoitos foi praticamente eliminada. Só mais tarde, através de Francisco Maria Brum, a vinha dos Biscoitos foi reabilitada no que se refere ao Verdelho, sendo que este comprou muitas das vinhas abandonadas e adquiriu duas de plantas de verdelho no Porto Martins, tendo em 1890 fundado a primeira “adega regional” do seu tempo."
Este mesmo assunto é tema do editorial da referida edição do "Diário Insular", onde se escreve, entre outras ideias, que "Os especialistas começam a avisar que o sector do vinho e da vinha nos Açores está a entrar num beco de saída difícil. A situação é complexa, sobretudo porque as causas são múltiplas, não muito fáceis de apurar e, no geral, tendem a ser consequência de factores naturais praticamente incontornáveis. A mão-de-obra parece estar na base da situação, mas num duplo sentido: falece a mão-de-obra campesina em quantidade e em disposição para ganhar o salário que a vinha e o vinho libertam, tal como desaparece a motivação dos proprietários para manterem vinhedos que no essencial apenas dão lucro ao ego, o que é pouco nos dias materialistas que correm. (...) É pena que as coisas tenham chegado a este ponto, até porque os Açores têm potencialidades para produzir vinho de qualidade excelente, sobretudo se pensarmos em castas adaptadas há séculos. O caso paradigmático é a casta Verdelho."

2 comentários:

Anónimo,  21/8/06 02:13  

Não vale a pena comentar.
Tudo errado!Conheçam primeiro a história das ilhas e da introdução do verdelho.Parece uma notícia do 1.º de Abril!

José Aurélio Almeida 22/8/06 21:29  

Caro Anónimo:
Obrigado pelo seu "não comentário".
Fica o alerta para a alegada (fraca) qualidade dos conteúdos de que demos "eco" a partir de textos publicados no jornal "Diário Insular".

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Biscoitos, Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores, Portugal

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