quinta-feira, 15 de setembro de 2005

As curraletas biscoitenses

Depois de ontem nos termos referido às curraletas açorianas, em geral, hoje centramo-nos nas dos Biscoitos, mantendo a ligação à temática turística.
Em artigo do Diário Insular (DI) (7/Setembro/2005), sobre o colóquio “Biscoitos: Panorama Actual e Perspectivas para o Futuro”, apresentado por Sandra Nunes, na recente XIV Festa da Vinha e do Vinho, nos Biscoitos, é afirmado que "o aproveitamento turístico da vinha dos Biscoitos pode ser a solução para a zona, onde as curraletas estão a desaparecer e a produção a diminuir."
A finalista do curso de Arquitectura Paisagística, no Instituto Superior de Agronomia, apresentou a opinião de que a pressão imobiliária é a principal causa da destruição das curraletas dos Biscoitos, além do facto da paisagem não ser protegida por legislação eficaz. As soluções passariam pela consideração da zona como paisagem de interesse regional (de forma a proteger a vinha, o vinho verdelho e evitar a especulação imobiliária) e pelo aproveitamento turístico. Sandra Nunes sublinha que os Biscoitos devem ser incluídos nos roteiros turísticos dos Açores pela vinha e não apenas pelas piscinas naturais, cativando um turismo cultural e não de massas, em que a população local tenha voz activa. As visitas aos Biscoitos deveriam incluir uma ida ao Museu, mas também a adegas de pequenos vitivinicultores, que deviam preparar-se para receber turistas que não procuram praias e sol, mas cultura.
Sandra Nunes sublinha ainda a necessidade de técnicos especializados que acompanhem o processo produtivo e que poderão actuar através da Adega Cooperativa ou dos Serviços de Desenvolvimento Agrário. Refere que se fala em falta de mão-de-obra, mas que essa ainda se resolve, embora esteja escassa e mais cara, pior é a necessidade de bons técnicos ao longo do ano, que digam por exemplo como deve ser feita a poda ou que produtos usar para evitar a doença.
Começando pela última parte, pensamos que, neste momento já existe alguma experimentação e apoio técnico por parte do Serviço de Desenvolvimento Agrário. Contudo, será natural que essa realidade seja insuficiente para as necessidades existentes.
A ideia de que as vinhas (aqui incluídas as curraletas) devem ser potenciadas enquanto produtos no âmbito de turismo cultural surge na mesma linha do que comentamos anteriormente (concordando com o princípio) e foi reforçada por vários especialistas na, já por nós comentada, Semana Cultural de Vinhos da Macaronésia.
Nesse contexto, Rita Anselmo, vice-directora da Escola Superior de Hotelaria e Turismo Estoril (ESHTE), defendeu a necessidade de uma estruturação e um estudo ponderado da possibilidade de se criar uma rota de vinho no arquipélago.“Existe, de facto, potencial. Existem condições para se ter um percurso, mas é importante que todos se unam com esse propósito. No debate que se seguiu às intervenções, um espectador alertou para o risco que corre a actual produção de vinho nos Biscoitos. Se, de facto, não houver união de todos os intervenientes, nada será possível fazer”, argumenta Rita Anselmo, em declarações ao DI (7/Setembro/2005).
Abordando a componente do marketing e do empreendedorismo inerente a esta criação, a especialista explicou aos presentes que, caso se queira seguir estes caminhos, é urgente definir muito bem o público alvo, o produto disponível, além de ser necessário traçar as linhas mestras desse possível projecto.“Acima de tudo - argumentou Rita Anselmo - é importante nunca nos esquecermos que qualquer produto que queiramos oferecer deve ter em conta a procura”, alertou. Desde já, Rita Anselmo lançou algumas ideias para o debate desta questão: a criar-se, uma rota de vinhos dos Açores será única, ou seja, não deve haver uma por ilha já que a dimensão é reduzida; a sua existência deve integrar-se na marca Açores; e esse projecto deve ser um completo da oferta turística do arquipélago. “É importante que essa criação esteja integrada num programa mais vasto, que permita ao turista usufruir de vários aspectos da vida insular”, explicou Rita Anselmo.
Em entrevista ao Diário Insular (8/Setembro/2005), Rita Anselmo esclareceu que, na sua opinião, não existe aqui dimensão, nem capacidade de funcionamento, para promover autonomamente uma rota de vinhos. Esta deverá ser um complemento, uma mais valia, ao produto turístico açoriano.
É a opinião da senhora especialista, que respeitamos, apesar de considerarmos que esta mais valia pode ser factor decisivo para alguns nichos específicos do mercado turístico mundial.
No que concerne à primeira parte da nota sobre o colóquio de Sandra Nunes, que nos remete para a questão da protecção da paisagem vitivinícola dos Biscoitos, transpomos para próxima oportunidade o nosso entendimento. Para além disso, adiantamos desde já que também abordaremos a questão específica dos vinhos produzidos e da sua qualidade.

3 comentários:

Anónimo,  25/9/05 20:43  

Como garantir a qualidade dos vinhos açorianos se na Câmara de Provadores da C.V.R. - Açores estão Enólogos responsáveis por vinhos de algumas Adegas?

Anónimo,  2/10/05 20:58  

Biscoitos de basalto, identidade de um povo,"biscoitos",responsáveis pelo clima que substitui assim as poucas horas de sol que estas ilhas têm para que se obtenha com regularidade vinhos brancos de grande qualidade.

José Aurélio Almeida 31/12/05 02:16  

Sobre a qualidade dos vinhos açorianos:
Pois... à primeira vista parece ser um facto que coloca sob suspeita o processo de certificação.
Por não conhecermos bem a matéria, apenas comentamos que esperemos que isso não afecte as apreciações em causa, para bem dos vinhos de qualidade que são produzidos nos Açores.

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