domingo, 9 de julho de 2006

Chalana regista balanço da época passada


Na passada segunda-feira, dia 3 de Julho, o Diário Insular publicou uma entrevista realizada por Daniel Costa a Manuel da Costa (Chalana), biscoitense e ex-técnico da equipa principal de futebol do Sport Clube Praiense.

Na entrevista, Chalana faz um balanço da época que terminou (por nós também acompanhada). Aqui fica então o texto integral:

"DIÁRIO INSULAR/DESPORTO (DI/D): Finda mais uma época desportiva, e com um lugar garantido no quinteto da frente da Série Açores, poderá dizer-se que o objectivo principal do Praiense foi alcançado?

MANUEL DA COSTA (MC): Sim, completamente. Foi-nos pedido a manutenção com uma equipa o mais barato possível, com aposta no jogador açoriano e o aproveitamento da formação, visto que na época anterior, numa aposta clara de subida de divisão, o clube ficou no grupo da despromoção. Sublinho que foram poucas as pessoas que acreditaram quer na equipa técnica, quer no valor dos jogadores. Contudo, a resposta em campo veio provar aquilo que eu sempre afirmei “os jogos ganham-se dentro das quatro linhas e não com os nomes que compõem os plantéis”. Saímos para o início da época na cauda da tabela das apostas desportivas e acabámos no grupo dos campeões. Tudo isto só foi possível, devido à grande amizade, espírito de grupo e muita ambição de um plantel bastante jovem e sem experiência, mas cujo o valor futebolístico ficou demonstrado para pena de muita gente. Os meus jogadores foram os grandes obreiros deste feito e, como tal, tornaram-me um treinador feliz.

D/ID: Quais as principais dificuldades que sentiu ao longo da época?

MC: Foram tantas as dificuldades, que talvez nem 30 páginas do jornal davam para as contabilizar. Desde a falta de campo para treinar, passando pelas dificuldades financeiras comuns em muitos clubes, bem como pela falta de apoio e promessas nunca cumpridas. Contudo, um grupo muito amigo e unido conseguiu ultrapassar todas essas dificuldades, dando grandes respostas domingo após domingo e, no fim, sentimos que o nosso dever foi cumprido na íntegra e que ninguém nos pode apontar nada.

PREOCUPAÇÃO

DI/D: Como viu a Série Açores na temporada finda, foi mais equilibrada e competitiva do que as anteriores ou nem por isso?

MC: Observei uma Série Açores preocupante, ou seja, num campeonato com um número reduzido de equipas, poucos são os que querem subir, mas ninguém quer descer. Duas equipas lutaram pela subida e oito pela permanência a qualquer preço. Se existiu pouco equilíbrio na frente, houve grandes lutas na zona de despromoção, o que tornou vários jogos em verdadeiras batalhas. Penso que seria benéfico repensar-se o número de clubes despromovidos numa série de 10 equipas – isto já que não é possível passar para 12 equipas. Teria mais interesse descer uma só equipa e voltar a jogar-se o Apuramento do Campeão dos Açores, em que só ele subiria à Terceira Divisão. Ainda assim, foi uma série bem disputada, com equipas muito iguais e com grande número de jogadores profissionais. Houve equipas que apostaram muito e não conseguiram atingir os seus objectivos e houve um justo vencedor, o Lusitânia, a quem aproveito para dar os parabéns e desejar muitos êxitos para a próxima época na Segunda Divisão.

D/ID: A presença dos três clubes mais representativos da Terceira na prova veio trazer mais público e interesse aos jogos, principalmente na fase inicial. Depois, com o andar do campeonato e o escalonamento das equipas esse interesse decresceu. Como analisa estes embates a lembrar o passado e, no seu entender, quais as causas da ausência gradual de público?

MC: Foi bonito para os terceirenses, mas não podemos estar contentes com essa situação. Qualquer um dos clubes mencionados tem história para outros patamares e seria de todo benéfico que esses confrontos acontecessem em escalões superiores. Todavia, foi o reviver dos clássicos terceirenses, sempre bonitos e vividos de maneira especial, na primeira fase com mais sabor, mas depois dos objectivos alcançados pelo Angrense e Praiense a motivação, mesmo não querendo, nunca foi a mesma, porque os jogadores sentiram que o seu dever estava cumprido.

DESAFIO

DI/D: Após ter conduzido a equipa de juniores do Praiense ao título regional, seguiu-se a experiência nos seniores. Certamente que este novo desafio lhe veio enriquecer como técnico e transmitir-lhe outro calo, digamos assim…

MC: Claro que sim. Foi o maior desafio desportivo da minha carreira e um verdadeiro teste às minhas capacidades como treinador principal numa equipa de Terceira Divisão Nacional. Desde já, queria agradecer à direcção do Sport Clube Praiense, especialmente ao seu presidente, Sr. João Alvarino, a coragem que teve em apostar num treinador da ilha e dos escalões de formação para comandar os destinos do clube. Para ele o meu muito obrigado. Quero também agradecer ao meu adjunto, Francisco Faria, que é um grande amigo e um grande homem. Sem ele, de certeza absoluta que não teria sido possível uma época com tantas alegrias. Claro que não posso esquecer todo o plantel que foi de uma entrega e dedicação ímpares. Para todos o meu muito obrigado.

FUTURO

D/I/D: Com 23 anos de Praiense, quer como atleta de eleição, quer agora na função de treinador, o seu futuro, ao que parece, não passa pela continuidade no clube. Estaria, no entanto, disposto a permanecer?

MC: Nunca poderia dizer que não a uma casa que me formou como jogador, e que depois me lançou como treinador, na qual passei 23 anos maravilhosos da minha vida. Uma casa que me viu crescer e sempre me acarinhou. Ajudei este clube a subir aos nacionais e a manter-se lá por muitos anos, ajudei os escalões de formação, e nos primeiros títulos regionais da história do clube estive presente e colaborei como treinador, mas também sei que o meu lugar de treinador não é eterno – nem eu quero que seja. Sou treinador de futebol, e os projectos, ou melhor, os ciclos chegam ao fim. Sei que não agrado a todos, por isso, estou preparado para tudo e nada preocupado, porque o meu trabalho honesto fala por mim. Tenho conhecimento da existência de uma nova direcção – desde já quero desejar-lhe os maiores sucessos desportivos – e, como tal, os dirigentes são livres de escolher as pessoas que julgam melhores para servir o clube. Segundo sei – até pela própria comunicação social –, essa escolha não passa por mim. São situações normais no futebol e, neste contexto, aceito e respeito a decisão sem rancores. Espero, sim, que o clube cresça e se fortaleça e que o meu substituto tenha tantas ou mais alegrias desportivas do que eu e passe por menos dificuldades, porque, se assim for, quem ganha é o SC Praiense. As pessoas passam e o clube fica. Desejo que o clube continue a fazer história, porque a sua grandeza assim o exige.

Aposta na formação

D/I/D: Caso não continue no Praiense, está disposto a abraçar um projecto a nível regional?

MC: Ainda não pensei no meu futuro desportivo, porque ele não me preocupa. Não sou profissional, nem preciso do futebol para viver. Gosto muito de estar com a minha família e os meus amigos, coisa que nestes últimos anos não foi possível. Como tal, agora vou desfrutar das férias desportivas e depois se verá. Mas, como homem de futebol, não tenho medo de nenhum projecto, desde que acompanhado por pessoas sérias e honestas. Se tivesse medo e duvidasse do meu valor, não tinha aceite o convite do Praiense na época anterior. A curto prazo, gostava de formar uma escolinha de iniciação ao futebol, dos 6 aos 10 anos, sem competição. Se reunir os apoios necessários, estou disponível, e já tenho o apoio do meu adjunto, Francisco Faria. Por fim, gostava apenas de agradecer às pessoas que me apoiaram, não só nesta época mas também nos anos em que estive na formação. Pessoas que estiveram na sombra mas que foram muito importantes na formação de vários jogadores que, num futuro próximo, vão dar que falar no panorama açoriano e nacional e que já esta época ajudaram o Praiense. Não vou nomear nomes, porque corro o risco de me esquecer de alguém, mas para todos o meu muito obrigado."

Faz hoje um ano que publicamos:
Festas de São Pedro 2005

1 comentários:

José Aurélio Almeida 25/7/06 18:30  

Registamos aqui o seguinte extracto de uma entrevista concedida por João Alvarino, ex-Presidente do Praiense, a Mateus Rocha, do Diário Insular:
"DI/D: Se continuasse como presidente do Praiense, Manuel da Costa (Chalana) seria o treinador?
JA: Com certeza. Na eventualidade de eu ter continuado no clube, independentemente do cargo, o Chalana seria o treinador, auxiliado pelo Faria, funcionando ambos como os homens de referência do futebol do Praiense.
Embora cada direcção seja livre de escolher o técnico que muito bem entenda, acho que ninguém pode esquecer o trabalho fantástico que o Chalana efectuou no Praiense. Para mais, estamos a falar de uma pessoa com 23 anos de clube e que, como tal, merece o respeito de todos nós.
"

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