sábado, 15 de julho de 2006

Térmitas nos Biscoitos

Nos últimos anos várias têm sido as notícias a dar conta da presença de térmitas em várias ilhas dos Açores, principalmente na Ilha Terceira.
Este assunto foi alvo de um projecto de estudo desenvolvido entre Janeiro e Junho de 2004 por uma equipa composta pelos investigadores Prof. Dr. Paulo A. V. Borges, Prof. Dr. David Horta Lopes, Prof.ª Dr.ª Ana Maria Ávila Simões (todos do Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias, ligado ao Departamento de Ciências Agrárias e Ambiente da Universidade dos Açores) e pelas Licenciadas Ana Cristina Rodrigues e Sílvia Cristina Xavier Bettencourt.
Apesar do projecto se designar "Determinação da Distribuição e Abundância de Térmitas (Isoptera) nas Habitações do Concelho de Angra do Heroísmo", o estudo e respectivo relatório também abrangem dados relativos à freguesia dos Biscoitos.
Logo no sumário do
documento (pág. 3) está referido que a ocorrência da Cryptotermes brevis (térmita dos móveis das Indias Ocidentais de madeira seca que ataca habitações) está também confirmada na freguesia dos Biscoitos (Concelho da Praia da Vitória).
Uma possível explicação para esta presença será o facto que "Cryptotermes brevis necessita de ambientes secos mas com alguma humidade, condições prevalecentes no centro histórico de Angra do Heroísmo e possivelmente na freguesia dos Biscoitos (Concelho da Praia da Vitória)" (pág. 12-13).

Este relatório, para além de descrever os métodos de investigação utilizados, apresenta a descrição das espécies encontradas, a sua distribuição no Concelho de Angra do Heroísmo, factores potencialmente envolvidos na dispersão das térmitas na Ilha Terceira, número de infestações segundo os tipos de madeira e um relatório do Prof. Dr. Timothy G. Myles, acessor externo do projecto.
Este especialista, da Universidade de Toronto, indica várias conclusões e recomendações, referindo-se aos problemas sociais, de segurança e de cariz patrimonial que estão em causa. Aponta também várias hipóteses de actividades de gestão a médio prazo, preventivas e de controlo (este mesmo técnico disponibiliza no site do Urban Entomology Program, que dirige, uma apresentação, em inglês, sobre opções de controlo de térmicas no caso dos Açores).
CUIDADOS
Paulo Borges, David Horta Lopes e Ana Maria Simões, em declarações ao jornal "A União" (5/Junho/2004), "aconselham alguns cuidados. O primeiro, passa por, neste verão, colocar redes nas portas e janelas das casas, por forma a evitar que as térmitas invadam os lares alheios. O segundo, caso não use redes, prende-se com ter mafú sempre à mão. Ao final do dia dê uma espreitada nos cortinados lá de casa e veja se encontra algum destes bichinhos. Se vir, acaba com eles. Mas por ventura tem em casa sótãos ou tectos falsos. Se tem verifica se as madeiras têm buracos abertos e repare se no chão envolvente existem dejectos semelhantes aos de baratas. Tem?, então são térmitas. Coloque pendurado no tecto, de forma perpendicular ao chão, uma luz que vem coincidir com um recipiente de água. Tenha em atenção que todos os dias terá de verificar o que se passa. Se não morrerem assim, bafeje o local com insecticida. Entretanto, existem vários meios de luta química contra a térmitas, mas a forma mais eficaz é a utilização integrada dos meios disponíveis para se poder controlar a praga e erradica-la. No entanto, a prevenção é importante para evitar que a térmitas tomem conta das madeiras, devendo-se evitar manter em casa madeiras ou entulhos que resultam de obras e que poderão ser um local propício para o desenvolvimento de colónias de térmitas."
APOIOS
O mesmo jornal angrense (8/Julho/2006) informa que "Através do Decreto Legislativo Regional n.º 20/2005/A, de 22 de Julho, que estabelece o regime jurídico excepcional da concessão dos apoios financeiros a obras de reparação de imóveis afectados por infestação de térmitas, foi criado o período de candidaturas a apoios para reparação de imóveis atacados por térmitas – aberto no dia 31 de Janeiro de 2006 (...). Neste documento, fica assente que os proprietários de imóveis infestados por térmitas nos Açores podem candidatar-se a ajudas concedidas pelo Governo Regional para a realização de obras destinadas à sua recuperação. A legislação, relembramos, prevê duas modalidades de apoio: uma a fundo perdido e outra de bonificação de juros de empréstimos, destinando-se a primeira, em exclusivo, a pessoas singulares. A segunda pode abranger, também, pessoas colectivas. A Portaria que a regulamenta, define os montantes das comparticipações governamentais e estabelece a taxa de juro e o prazo máximo (20 anos) dos empréstimos bonificados a contrair para a realização das obras em causa. Nos termos do diploma, a taxa de juro de referência para determinação da bonificação será a Euribor, a seis meses, em vigor no dia útil anterior ao início do período de contagem dos juros, que serão calculados pelo mesmo método adoptado no crédito à habitação".

Tendo em conta todas estas informações recomendamos que, por uma questão de precaução, verifique as madeiras da sua habitação.

2 comentários:

Pelágico 28/3/09 01:01  

Olá José,
encontras-te ou viste alguma termita aladas nos biscoitos?
Estou a estuda-las e seria interessante confirmar a presença ou ausencia da espécie por terras biscoitenses.
Obrigado

José Aurélio Almeida 10/4/09 11:19  

Olá Pelágico:
Até hoje ainda não tive qualquer encontro imediato com térmitas aladas nos Biscoitos.
Cumprimentos.

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