domingo, 19 de novembro de 2006

Verdelho dos Biscoitos no programa "Atlântida"

Assistimos na passada quinta-feira à repetição do Programa "Atlântida", da RTP-Açores, transmitido "em primeira mão" no dia 11 de Novembro, dia de São Martinho.
Respeitando o ditado popular "Pelo São Martinho vai à adega e prova o vinho", e até a variante por nós proposta o ano passado (ver aqui), Sidónio Bettencourt e a sua equipa fizeram reportagens nos Biscoitos, complementadas com entrevistas na Praia da Vitória, onde esteve a base logística deste programa (gravado a 5 de Novembro).

AS REFERÊNCIAS...
Ao longo do programa a freguesia dos Biscoitos, em particular, e o concelho da Praia da Vitória, em geral, foram alvo de várias referências como sendo "terra de vinho", tendo o "vinho dos Biscoitos" obtido destaque em várias ocasiões, quer sendo chamado ao "palco principal" das conversas, quer sendo mencionado de forma mais acessória, nomeadamente como a bebida mais indicada para acompanhar a tradicional e genuína alcatra terceirense.
Os Biscoitos foram ainda aludidos aquando da apresentação do livro "Município da Praia da Vitória", editado pela Publiçor, com o apoio da Câmara Municipal da Praia da Vitória, no âmbito da colecção “Livro de Ouro das Cidades”.

A VISITA À ADEGA...
Como não podia deixar de ser em Dia de S. Martinho, o programa "Atlântida" contemplou uma visita a uma adega. Foi anfitrião o senhor José Manuel Machado que começou por explicar que a 11 de Novembro o vinho de qualidade "ainda não está feito". Foi também dito que por esta altura a produção está na fase do "passar o vinho" (transfega), operação que é feita várias vezes, no vazante (quarto minguante).
Tecendo alguns comentários de cariz mais contextual e geral, este produtor referiu que nos Biscoitos, único local onde existe verdelho em quantidade, subsistem actualmente dois ou três produtores individuais e a adega. Numa alusão à política de subsídios vigente e perante a falta de dinheiro da Adega Cooperativa dos Biscoitos para acabar a construção do seu novo edifício, José Manuel Sousa lançou a hipótese desta infra-estrutura passar a pavilhão desportivo.
Disse ainda que a identidade dos vinhos açorianos está perdida por consequência da vários casos de produção com recurso a mostos concentrados, provenientes até de Itália e inclusivamente alvo de subsídios. Em termos de custos de produção alertou igualmente para o facto de que nos Biscoitos só o mosto é mais caro do que os produtos finais (vinhos) no Pico.
A terminar a reportagem, que incluíu imagens do mencionado vitivinicultor, da sua adega, de vinhas, do Museu do Vinho dos Biscoitos e do senhor Luís Brum, o jornalista Vítor Alves, após apresentar os problemas existentes com a produção de castanha, disse que "ao verdelho e às castanhas já nem S. Martinho pode valer".

A CONFRARIA E A PROVA...
No estúdio improvisado na zona da Marina da Praia da Vitória estiveram à conversa com Sidónio Bettencourt dois membros da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, que se referiu à mesma como visando a salvaguarda do vinho dos Biscoitos. Envergando as vestes própria de Confrade, marcou presença o Grão Mestre Jácome de Bruges Bettencourt e a Grã Escanção Teresa Lima, esta última também na qualidade de enóloga e especialista, da Universidade dos Açores.
Na intervenção que fez, Jácome de Bruges Bettencourt realçou que a Confraria tem desenvolvido um papel bastante importante na defesa, promoção e divulgação dos vinhos dos Biscoitos", esclarecendo que estes, devido à pequenez da zona onde são produzidos, são um "produto de nicho", significando que terão de ser de qualidade mas de pouca quantidade.
Teresa Lima acrescentou que, apesar de a casta verdelho estar a ser explorada em zonas como a Madeira e até a Austrália, o verdelho dos Biscoitos será sempre diferente dos demais, devido à influência que obtém do oceano e também da lava.
Segundo a mesma técnica, o perfil deste vinho é caracteriza-se essencialmente por ser acídulado, ser frutado (citrino, frutos frescos), deixar um ligeiro travo (agradável) e sápido (por influência do oceano) a que se acresenta a nota a madeira (caso estagie na mesma).
Na presença de garrafas de vários vinhos dos Biscoitos ("Chico Maria" e "Donatário", da Casa Agrícola Brum, Lda., "Moledo", da Adega Cooperativa dos Biscoitos, CRL, "Pedras de Lobo", de José Manuel Machado, e "Quinta das Vinhas", de José Manuel Cardoso, se não nos falha a memória), Teresa Lima provou e comentou um vinho verdelho para além de apresentar um "vinho de composição" da sua autoria. Este original "vinho" é composto por uma base de verdelho a que se adiciona licor de amora (em quantidade varíavel, conforme o gosto do consumidor) e visa ser um meio de cativar as pessoas no âmbito da exploração do vinho com produto turístico (conceito desenvolvido no âmbito do projecto ENOTURMAC).
Quanto ao genuíno verdelho este foi apreciado, em copo próprio, pelo aspecto (cristalino - evidenciando cuidados tecnológicos; cor palha), pelo aroma (de frutos frescos) e pelo gosto (macio e depois acidulado, com nota reconfortante a álcool e prolongamento de frutos secos). Foi dito ainda que a característica acídula do verdelho dos Biscoitos revela-se "muito correcta para a gastronomia que particamos".
Esta fase do programa terminou com um brinde com verdelho a São Martinho e ao Programa "Atlântida".

Faz hoje um ano que publicamos:
Câmara Municipal com novo elenco

9 comentários:

Anónimo,  20/11/06 11:10  

O sentinela da porta do templo do gosto não me deixou comentar...

Anónimo,  20/11/06 12:36  

O meu almoço de hoje por acaso foi acompanhado com um grande vinho dos Biscoitos, por isso não vou comentar.

Anónimo,  20/11/06 16:16  

"vinho de composição" ou cocktail?
Isso já há muitos e muitos anos que neste mundo se fazem!

Puri e disposti a salire alle stelle.

Ísis

Anónimo,  21/11/06 12:55  

vinho decomposição.Quantas e quantos agricultores, já do "tempo dos afonsinhos", botavam no copo de vinho um pedaço de um pirolito ou laranjada.Até há quem meta água.
Assim temos uma bebida deslavada.

Anónimo,  21/11/06 15:01  

A essa mistura (vi...de composição) há quem chame "traçadinho".

Anónimo,  21/11/06 18:50  

panachê

Anónimo,  21/11/06 21:05  

Jacquê e Coral bem fresco.

Anónimo,  23/11/06 18:08  

SE EU FOSSE ENÓLOGO, NUNCA, MAS MESMO NUNCA, MISTURARIA UM BOM VINHO COM QUALQUER BOM LICOR.
Gostava de saber se os mostos concentrados que o Pico utiliza são italianos e se são subsidiados.
Gostava de saber quais são os vinhos do Pico que têm na sua composição mosto concentrado italiano.
Gostava de saber se os subsídios para adquirir mostos concentrados se destinam só para a ilha do Pico.
Gostava de saber se os vinhos fabricados com adição de mostos concentrados podem ser CERTIFICADOS.
Gostava de saber quem pagou aos técnicos continentais para virem palestrar à ilha do Pico sobre assuntos relacionados com vitivinicultura.
Gostava de saber qual a razão porque não foram convidados técnicos e viticultores das outras ilhas da região.
Gostava de saber porque se insiste neste sector de actividade, a vitivinicultura, em ignorar todos as outras ilhas dos açores.
SE EU FOSSE GOVERNANTE, NUNCA, MAS MESMO NUNCA PENSARIA QUE SERÁ A ILHA DO PICO A SUPRIR PARTE DAS QUANTIDADES BRUTAIS QUE A REGIÃO IMPORTA DE VINHOS E DERIVADOS.

Anónimo,  24/11/06 18:14  

Portugal positivo com Vinho Verdelho dos Biscoitos!


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