quarta-feira, 15 de março de 2006
Carlos Cardoso, actual Presidente da Junta de Freguesia dos Biscoitos, tem estado em destaque nos últimos tempos, exactamente por via da forma como assume e entende estas funções.
A temática que mais tem contribuído para esta mediatização é a inerente à estratégia de organização de populares com vista à vigilância dos bens dos biscoitenses, no contexto do clima de insegurança que se vive na Ilha Terceira, acentuado em determinadas fases temporais. Outras notas relacionam-se com a sua postura em relação a algumas medidas do actual elenco camarário do concelho da Praia da Vitória.
A ENTREVISTA
Sobre o primeiro assunto que adiantamos, já aqui apresentamos algumas menções dos factos e da mediatização a que este tem sido sujeito (25/Novembro/2005 e 7/Dezembro/2005). Depois da situação de proliferação de assaltos e a resposta encontrada por Carlos Cardoso à mesma ter dado origem a entrevistas e referências em vários órgãos de comunicação social locais e regionais, mais recentemente (11/Fevereiro/2005) o Presidente da Junta de Freguesia dos Biscoitos foi o convidado de João Gago da Câmara na rubrica "A entrevista da semana" integrada no programa "A minha rádio", apresentado por este jornalista aos sábados, na RDP-Açores.
Com a duração de cerca de meia hora, a entrevista propriamente dita foi precedida de uma abordagem à temática da "justiça da noite", por João Gago da Câmara. O jornalista, nesta nota introdutória, abordou este tipo de movimento popular, situando a sua origem nas primeiras décadas do século passado e informando que, na sua génese, consistia na acção de pequenos grupos de homens que, ao coberto da noite, destruíam os marcos que delimitavam parcelas daquilo que eram os terrnos baldios, entretanto cedidos a particulares. Citando Álamo de Oliveira, João Gago da Câmara afirmou que na acção destes grupos o "sigilo era compromisso de honra". Foi referido ainda que esta "justiça do povo pelo povo" actuou também noutras ciscunstâncias, em jeito de "polícia de costumes", mas foi gradualmente desaparecendo.
Sobre o cenário e o questionamento se, na actualidade e no caso concreto dos Biscoitos, estamos perante um regresso da "justiça da noite", Carlos Cardoso disse que esse termo é alarmante e que o que realmente se passa é existirem "pessoas que têm estado alerta para proteger aquilo que é nosso", referindo-se concretamente aos idosos e aos bens dos biscoitenses. Justifica a necessidade desta acção de vigilância por populares porque "nesta altura a nossa PSP resume-se a passar umas multas e pouco mais porque não tem autoridade para fazer mais do que isto".
Sobre a Polícia de Segurança Pública foi dito, mais à frente, que as primeiras reacções desta entidade à organização popular foram de desaprovação. Foi reconhecido também que as autoridades policiais muitas vezes sabem onde estão os responsáveis por certas acções mas não possuem os meios suficientes para agir, acrescentando que os homens da PSP dos Biscoitos fazem o que podem, dentro das suas hipóteses. Não deixou de afirmar que, pelo menos, não devem existir ameaças a quem se defende.
O entrevistado esclareceu ainda que "nunca foi usada força física contra ninguém" mas sim feitos alertas às autoridades perante a presença na freguesia de veículos estranhos. O objectivo é "conseguir tornar os Biscoitos como eram antes" o que, após a primeira onda de assaltos, foi conseguido em cerca de duas a três semanas. Ficou no ar ainda a nota de que este tipo de acção popular também está organizada ou em organização noutras freguesias.
Sobre os assaltantes, Carlos Cardoso afirmou pressupôr que a maioria será da própria Ilha Terceira e que agem com vista a sustentar vícios de droga.
No que concerne a soluções mais estruturais, o entrevistado disse que "este assunto nunca foi tratado como devia ter sido". Com entraves surgem uma "política social (neste país) que está mal" e um "poder político que não é organizado suficiente para proteger as pessoas e os seus bens". Já foram feitos feitos alguns contactos com outros autarcas mas, apesar da preocupação ser comum, não tem sido possível reunir um grupo que apresente de uma forma directa estas questões ao poder político.
O Presidente da Junta de Freguesia dos Biscoitos afirmou que "saúde, educação e protecção das pessoas são bens essenciais na vida" e adiantou que, apesar de ele próprio e familiares já terem sido ameaçados, telefonicamente por anónimos, vai continuar a "ser vigilante".
João Gago da Câmara encerrou este trabalho referindo-se a esta situação de "justiça paralela" como um "caso de polícia, de justiça e de política".
OUTRAS NOTAS
Segundo noticiou o Diário Insular (22/Fevereiro/2006), Carlos Cardoso, em representação da autarquia biscoitense na Assembleia Municipal da Praia da Vitória, foi o único a abster-se na aprovação da delegação de competências da Câmara Municipal nas Juntas de Freguesia para a limpeza das bermas de estrada.
A abstenção ficou a dever-se ao facto da Junta de Freguesia dos Biscoitos perder o funcionário pago pela edilidade, apesar de ter sido aumentada quase para o dobro no dinheiro que passa a receber. Segundo Paulo Messias, presidente em exercício da autarquia municipal praiense, esta medida visa “dar igualdade” a todas as freguesias do concelho, incluindo as que também têm zonas balneares.
Em relação a uma campanha de desratização, anunciada pelas autarquias terceirenses para este ano, o Presidente da Junta de Freguesia dos Biscoitos, citado em artigo publicado pelo jornal "A União" (5/Fevereiro/2006), disse: “Lembro-me de há uns anos atrás se distribuir o veneno porta a porta, mas há muito tempo que não há uma campanha organizada no Concelho da Praia”.
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4 comentários:
Destaque???? ou... desastrado...como é seu apanágio...infelizmente!!!!!!!!!!!!
http://biscoitos-terceira.blogspot.com/2005/10/dados-eleitorais-nos-biscoitos.html#links
Caro Anónimo I:
É inegável o destaque de que tem usufruído o Presidente da Junta de Freguesia dos Biscoitos.
Ao contrário da sua perspectiva (aceitável, como qualquer outra) nesta ocasião não qualificamos a qualidade dos destaques nem dos desempenhos em causa.
Caro Anónimo II:
Mensagem recebida...
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