sábado, 30 de dezembro de 2006

Festa da Vinha e do Vinho - fotografias e notas

Recordamos e apresentamos hoje algumas fotografias e notas sobre a XV Festa da Vinha e do Vinho dos Biscoitos.

Conforme indicamos a 1 de Setembro passado, a referida festa decorreu, como habitualmente, no início do mês de Setembro, no Museu do Vinho dos Biscoitos, organizada pela Delegação de Angra do Heroísmo do INATEL com apoio da Casa Agrícola Brum, Lda e colaboração do Grupo de Baile à Antiga do Posto Santo, da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos e da Casa do Povo dos Altares.

ABERTURA
A abertura do evento foi feita pelo senhor Moisés Mendes, animador cultural do INATEL, que se referiu, entre outros aspectos, ao importante significado da Festa da Vinha e do Vinho. Para além do representante do INATEL estiveram na mesa de honra o Dr. João Maria Mendes, Representante da Região Autónoma dos Açores no Conselho Geral do INATEL e Chefe de Gabinete do senhor Secretário Regional da Educação e Ciência, o senhor Paulo Codorniz, Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Praia da Vitória, o senhor Carlos Cardoso, Presidente da Junta de Freguesia dos Biscoitos, o senhor Jácome de Bruges Bettencourt, Grão-Mestre da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos e a Drª. Carla Raposeira, da Divisão de Etnografia e Folclore do INATEL, que de seguida falou sobre "Património e Identidade".

COLÓQUIO SOBRE "PATRIMÓNIO E IDENTIDADE"

Deste colóquio retivemos a explicitação de que a definição de património cultural abrange património material e património imaterial, estando este último mais associado ao conceito de identidade, no sentido da busca de preservação de actos (que se estão a perder).

A oradora da noite abordou o conceito de identidade cultural numa perspectiva de evolução histórica, situando a sua origem na Europa, nos finais do século XIX, por via de perdas de referências consequentes da implementação de processos de transformação relacionados com os fenómenos da industrialização e da globalização. Segundo a Drª. Carla Raposeira, em Portugal este conceito surgiu tardiamente, no final da década de 80, início da de 90, no século passado, ligado ao abandono de práticas rurais.
No seguimento da sua apresentação, defendeu a especialista que para a preservação do património e da identidade é indispensável o conhecimento dos mesmos uma vez que a evolução tem que ser estruturada, devendo fazer-se a projecção no futuro de acordo com o que fomos "ontem" e o que somos "hoje". A Festa da Vinha e do Vinho foi apontada como um exemplo do processo de recolha, preservação e devolução, pela divulgação, inerente ao património e identidade.
Neste contexto, concluíu a palestrante que a classificação da paisagem biscoitense da vinha seria um ganho para todos.

CERTIFICADOS, ENCERRAMENTO E ANIMAÇÃO
Após a apresentação temática anterior, o representante do INATEL aproveitou a ocasião para entregar certificados de filiação no INATEL a dois grupos folclóricos e o Dr. João Maria Mendes encerrou a sessão com mais algumas palavras sobre o património e apresentando saudações a todos os presentes, com especiais referências ao INATEL e à Casa Agrícola Brum, Lda.
A noite continuou animada, musicalmente pelo Grupo de Baile à Antiga do Posto Santo, e vinicamente por um "Biscoito d'Honra", patrocinado pela Casa Agrícola Brum, Lda.

SÁBADO DE VINDIMA
Como é hábito, a tarde de sábado foi dedicada à tradicional vindima, com saída do Museu do Vinho para a vinha situada na orla marítima, e respectivo regresso.

A Pisa das uvas foi muito concorrida, com miúdos e graúdos a repor ao vivo uma tarefa secular com vista à produção do mosto.
O jantar dos vindimadores, este ano confeccionado pelo Grupo de Baile à Antiga do Posto Santo, esteve, como sempre, uma delícia e a animação musical, com o mesmo grupo, alegrou todos os que se deslocaram até ao Museu do Vinho dos Biscoitos. Também a presença, nos dois dias, do senhor Manuel Coelho Machado, artesão local que trabalha o "espadão" e a "folha de milho", enriqueceu culturalmente o evento.

PROJECÇÃO NA COMUNICAÇÃO SOCIAL
Tal como em edições anteriores esta Festa da Vinha e do Vinho foi alvo de ampla divulgação na comunicação social, merecendo reportagem em directo pela RDP-Açores e a presença da RTP-Açores.

O jornal Diário Insular, para além de divulgar várias notas do acontecimento, como outros periódicos regionais, dedicou grande parte da sua revista publicada a 10 de Setembro a esta XV Festa da Vinha e do Vinho dos Biscoitos, através de uma reportagem de Helena Fagundes (incluíndo a capa da revista e 8 páginas) e da referência na Nota de Abertura assinada por José Lourenço, director deste matutino terceirense.

Da nota do director destacamos o seu primeiro parágrafo: "Todos os anos, no Museu do Vinho dos Biscoitos, se carregam os cestos e pisam as uvas como antigamente. A freguesia é a única a manter uma tradição que se desvanece com o passar das gerações."

No que diz respeito à reportagem há logo que marcar que, incluíndo a da capa, a revista do Diário Insular apresenta seis belíssimas fotografias, de diferentes momentos da festa.
Em termos de texto Helena Fagundes começa por abordar o cortejo que "parte do Museu do Vinho rumo às vinhas da orla marítima, para recriar uma vindima de antigamente", descrevendo o ambiente vivido durante o mesmo e destacando a presença de muitos turistas cuja "maioria são americanos a viver na base das Lajes".
De seguida a jornalista apresenta uma série de conversas, mantidas no próprio ambiente da festa. Primeiro com Manuel Machado, artesão, acerca das vindimas com este a recordar aspectos da sua infância e juventude.
Depois com Moisés Mendes, da delegação do Inatel de Angra do Heroísmo, sobre o futuro do vinho e da vinha da freguesia dos Biscoitos, que "considera que festas como a dos Biscoitos são importantes para a preservação deste património" e que esclarece que "A participação do Inatel não é inocente. Queremos lançar uma discussão sobre o futuro deste sector e tentar preservar a vindima, como património cultural. O vinho verdelho é um vinho com mercado, basta que existam os apoios e a vontade suficientes."
Carla Raposeira, coordenadora da Divisão de Etnografia do INATEL, a trabalhar na sede de Lisboa, "vê festas como a dos Biscoitos como um “bom sinal”, mas pensa que o património cultural de freguesia está longe de estar assegurado" indicando que "a solução passa por “um grande número de medidas. Isso inclui proteger o património material, como aconteceu com a cidade de Angra do Heroísmo. As curraletas têm de ser conservadas… Mas também passa por preservar o património imaterial, as ideias, os costumes e as tradições. É esse o maior desafio”."
Desta conversa realçamos ainda a ideia de que “É preciso alertar toda a comunidade para o risco permanente de perder a sua identidade. Se isso acontecer, as pessoas dos Biscoitos passarão a ser meros habitantes da Terceira, sem nada de único e de seu”.
Com Luís Mendes Brum o assunto centra-se na família Brum como "uma das maiores impulsionadoras do cultivo da vinha" e no papel do Museu do Vinho em relação à protecção da tradição vitivinícola biscoitense. "O fundador do museu acredita na continuidade da tradição da vindima e também na existência de um mercado para os vinhos produzidos na freguesia."
As duas últimas conversas foram com elementos do Grupo de Baile do Posto Santo. António Alves que explica à jornalista que "As pessoas não estão dispostas a cuidar da vinha. É mais fácil ir ao supermercado e comprar uma garrafa.” Justifica que “Se continuamos com isto, é porque gostamos, por graça. Hoje em dia existe muita oferta de diversão e os mais novos não se interessam muito por estas coisas. Mesmo as pessoas da freguesia já não se importam com isto. Restam os turistas e os americanos”. Susana Semião "admite que haja cada vez menos interesse pela vindima" mas "acredita que a tradição do folclore e da Festa da Vinha e do Vinho perdure. “Vai continuar por muitos anos. Nós gostamos desta festa e das actuações, por isso vamos trabalhar para que isso aconteça”.
A reportagem termina com notas sobre o regresso da vinha ao Museu do Vinho, à pisa das uvas, à prova do vinho, ao jantar e à actuação do folclore.

NOTA: Agradecemos ao INATEL e à Casa Agrícola Brum, Lda toda a amabilidade e atenção demonstradas aquando da nossa presença na XV Festa da Vinha e do Vinho.

Faz hoje um ano que publicamos:

2 comentários:

Anónimo,  6/1/07 17:18  

O Mestre Manuel Coelho Machado é um exemplo de vida.
Durante a vida, a dor e o riso se encontram e se misturam.

Anónimo,  7/1/07 12:08  

Pronto alívio

Foi no Porto.Uma velhinha
Ao Deus Bacho devotada,
Para int'resse da vinha
E gaudio da garotada.


D'uma vez que por desdita
O rapazito a acossou,
A velhinha coitadita
Deu em terra e desmaiou.


Transeuntes que passavam,
Supondo a velha doente,
Um remédio receitaram
P'ra a melhorar de repente:


«Na cabeça um balde d'água
Do chafariz mais vizinho...»
Suspira ela com mágoa:
- Ai! não! binhinho, binhinho...

J.J.F. (Quissol - Angola).

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